TEJOCA no fortalecimento das lutas de direitos sociais

Entre os dias 18 e 21 de Abril foi realizada a vigésima edição da Tenda Josué de Castro (TEJOCA), espaço que promove discussões acerca de temas atuais relacionados à garantia do direito humano à alimentação adequada, por meio de rodas de conversa. A Tenda ocupa diversos espaços: eventos populares, políticos, técnicos e científicos. Sua última edição se deu no XXV Congresso Brasileiro de Nutrição (CONBRAN) em Brasília, contando com a participação de congressistas e de representantes dos movimentos sociais convidados. Os debates foram fomentados por Neila Maria Viçosa Machado, fundadora e organizadora do projeto; e por Mick Lennon Machado, presidente da Associação Catarinense de Nutrição (ACAN).

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           A primeira roda debateu a dificuldade em romper com a lógica mercadológica, capitalista e neoliberal da alimentação, em virtude de todo o processo produtivo do alimento. Apontando também o papel da formação de nutricionistas, visto que o próprio processo educativo é tratado como mercadoria, resultando consequentemente em uma formação para atender as demandas de mercado e não a garantia de direitos. O enorme retrocesso, no período pós-golpe, na luta feminista também foi abordado. A Executiva Nacional de Estudantes de Nutrição (ENEN) levantou questões de gênero, criminalização de movimentos sociais e feminicídio. Ingred Israel, Marielle Franco, Remís Carla, Eloá Cristina, Elisa Samúdio, Mércia Naka também estavam presentes na Tenda. O “Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN): seu papel na construção da participação e controle social” foi o tema da segunda roda de conversa. Este momento, para além de uma homenagem ao FBSSAN, demarcou a importância de fortalecer as diversas organizações da sociedade civil e de controle social que, na atual conjuntura devem se definir como grandes espaços de resistência ao desmonte das políticas públicas.

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           A terceira roda de conversa debateu “Cultura e Soberania Alimentar: do que estamos falando e do que precisamos”. Tainá Marajoara, liderança pelo reconhecimento da comida como cultura no Brasil, defendeu a diferenciação de cultura alimentar e gastronomia, visto que esta última tem se apresentado enquanto devastadora da própria cultura alimentar, a partir de uma prática racista, machista, misógina e estreitamente ligada aos interesses da indústria de alimentos. A TEJOCA abriu espaço para demais movimentos como o Tempero de Palavras, grupo de leitura voltado para processos que envolvem a alimentação; e o projeto “Comer pra quê?”, direcionado à juventude brasileira com objetivo de gerar consciência crítica sobre as práticas alimentares.

           Ao final da programação o espaço Tenda Convida homenageou as lutadoras e lutadores da segurança alimentar e nutricional. O troféu Josué de Castro foi entregue ao Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), nas mãos da sua presidenta Elisabetta Recine, reforçando o papel fundamental deste e de todos os Conselhos de controle social, e instituições representativas da sociedade civil enquanto espaços históricos de resistência e luta.

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