Estudos das Práticas Agroecológicas no Assentamento 14 de Agosto

A pesquisa tem como objetivo estudar a relação dos assentamentos da reforma
agrária no contexto da disputa de territórios por modelos de desenvolvimento no
Estado de Mato Grosso, na perspectiva da soberania alimentar, tendo como foco o
Assentamento 14 de Agosto, Município de Campo Verde – MT, fruto da luta
organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

O responsável pela pesquisa é Vanderly Scarabeli, mestrando do Programa Desenvolvimento Territorial da América Latina e Caribe – da Unesp e bolsista do INTERSSAN. A pesquisa é orientada pelo professor Dr. Bernardo Mançano
Fernandes e tem como benificiários famílias assentadas da reforma agrária,
especialmente as do Assentamento 14 de Agosto, Município de Campo Verde – MT,
além de todos e todas que defendem o projeto de agricultura com base no trabalho familiar, na perspectiva da segurança e da soberania alimentar através da produção e consumo de alimentos saudáveis.

Aproximadamente 70% da pesquisa foi realizada, incluindo a construção da
dissertação. Foram realizadas visitas e entrevistas com 20% das famílias assentadas,
que nos mostram através dos resultados parciais, relações de trabalho familiar em
todas as unidades de produção visitadas, práticas agroecológicas na forma de
agrossistemas, produção de insumos com base ecológica, produção de alimentos
destinados a três finalidades principais: segurança e soberania alimentar
(autoconsumo), comercialização e ações de solidariedade.
Entre as práticas agroecológicas citamos as lavouras do senhor Marcos1 e de
seu filho Alexandre que cultivam uma área de três hectares e meia e vivem a 13 anos
no assentamento. O trabalho na propriedade é realizado com a participação de toda
a família e com produção irrigada. Uma parte fica para o autoconsumo e outra parte é
comercializada nos mercados do município. Entre os meios de produção utilizados
pela família estão: um trator pequeno e uma picap strada, além de ferramentas
tradicionais como foice, facão, enxada, entre outros.

Senhor Marcos e seu filho Alexandre na propriedade da família. Entre eles Cipó- imbé usado na produção de insumos ecológicos. Fonte: Scarabeli, 2018.

Senhor Marcos e seu filho Alexandre na propriedade da família. Entre eles Cipó-
imbé usado na produção de insumos ecológicos. Fonte: Scarabeli, 2018.

Entre os principais produtos utilizados pela família para a produção de insumos
ecológicos estão a mucuna para adubação da terra, enxofre com mucuna usados
como repelente e combate a fungos, cipó-imbé com fumo para combater a mosca
branca, casca de laranja com água para combater mosca branca, insetos, vaquinhas
e cigarrinhas, entre outros. De acordo com a família, a inciativa para produzir sem
veneno vem das experiências da própria família, dos cursos realizados no
assentamento e da época em que havia assistência técnica no assentamento.

Scarabeli-2018

Vasilhame de insumos ecológicos produzidos pela família. Fonte: Scarabeli, 2018.

Os principais alimentos produzidos pela família são: amendoim, quiabo, banana,
frutas, milho, pimenta, inhame chinês, rosas, mangarito, laranja, poncã e banana maçã.
Como já dito, toda produção é feita com irrigação comunitária e os insumos são produzidos de forma ecológica pela própria família.

Para o término da pesquisa ainda será finalizado a sistematização e análise
dos dados coletados; término da escrita da dissertação; apresentação da pesquisa
para as famílias assentadas, dirigentes e amigos do Movimento dos Trabalhadores
Rurais sem Terra da região, além dos órgãos públicos competentes.

Lavoura de amendoim e quiabo da família de seu Marcos. Fonte: Scarabeli, 2018.

Lavoura de amendoim e quiabo da família de seu Marcos. Fonte: Scarabeli, 2018.