Unesp reúne seus pesquisadores na área de Soberania e Segurança Alimentar

Seminário foi o primeiro do Grupo Integrador criado pela Universidade

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por Sérgio Viana

Em março deste ano, a Unesp instituiu o seu Grupo Integrador do Ensino, Pesquisa e Extensão em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (GISSAN) – portaria Unesp n°109/16 -, a fim de fomentar e integrar de forma colaborativa docentes, pesquisadores e ações desenvolvidas sob o tema SAN pela Universidade em âmbito regional, nacional e internacional, e facilitar a interlocução entre o que está sendo desenvolvido academicamente e a sociedade.

O 1º Seminário do ‘Grupo Integrador em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional da UNESP aconteceu nos dias 19 e 20 de maio, respectivamente, no Centro de Documentação e Memória da Unesp (CEDEM) e no Auditório da Fundação Editora da Unesp, localizados na Praça da Sé, centro da capital paulista. Estiveram presentes docentes dos campus de Presidente Prudente, Botucatu, Ilha Solteira, Rio Claro, Jaboticabal, Marília, Registro e do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais (IPPRI) da Unesp.

A característica interdisciplinar do Grupo Integrador, que une várias áreas distintas e associa a Extensão ao Ensino e Pesquisa, além de promover mais diálogo com a sociedade na busca pela resolução dos desafios relacionados à Segurança Alimentar e Nutricional, de acordo com a Pró-reitora de Extensão, profa. Mariângela Spotti Fujita, é algo inédito para a Unesp. “A proposta do GISSAN é muito inovadora na Extensão universitária. Porque a Extensão sempre trabalhou com projetos individuais, é a primeira vez que nós temos uma problemática da realidade social do país dentro de um programa de Extensão como esse”.

No primeiro dia do Seminário, os docentes apresentaram seus projetos desenvolvidos, de que forma eles ocorrem e através de quais parcerias são viabilizados, a fim de que os demais se inteirassem e pudessem buscar pontos de convergência entre seus próprios trabalhos e os dos demais.

encontro gissan unesp“Um dos principais objetivos desse trabalho em rede é criar coesão e sentimento de pertencimento. Sem isso, sem olhar nos olhos e saber com quem se está falando, é muito difícil. Nós estamos fazendo um esforço muito grande para juntas estas pessoas, pois esses encontros presenciais são fundamentais”, explica a profa. Maria Rita Marques de Oliveira, do Instituto de Biociências de Botucatu (IBB), assessora da PROEX e coordenadora da Rede SSAN-Unasul, que articula a formação do GISSAN e procura expandir a atuação da Unesp em relação ao tema SAN.

De acordo com Maria Rita, o Seminário já foi um grande passo na integração de pesquisadores da Segurança Alimentar, mas ressaltou que ainda há muito mais pessoas na Unesp que podem participar das ações e decisões do GISSAN. “O mapa [de pesquisadores] ainda terá de ser completado após este encontro, mas já sairemos com uma boa noção a respeito dele”, frisou a professora do IBB. Opinião corroborada pela Pró-Reitora. “O GISSAN deverá promover o diálogo entre a sociedade e a Universidade, é algo sobre o qual devemos ter especial atenção. Trata-se de uma missão grandiosa, em que é preciso juntar esforços para que mais pesquisadores virem extensionistas”, defendeu Mariângela Fujita.

Sede do GISSAN

A sede física do Grupo Integrador em SSAN será o Centro de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (CCT&ISSAN), anunciado em fevereiro de 2016, que será construído dentro do campus de Rubião Junior, na Unesp de Botucatu, por meio de convênio entre a Universidade e o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

A rede unespiana de ações em SSAN, que até o momento funcionou a partir de núcleos espalhados por suas unidades, poderá usufruir e concentrar em um só espaço os diálogos de áreas distintas, como Agronomia, Nutrição, Ecologia, Geografia, Sociologia e Ciências da Saúde. “Essa rede funcionou até hoje a partir dos núcleos de pesquisa e extensão, a criação do Centro significa uma materialização desse projeto. Vamos ter um espaço específico para tratar da Soberania e da Segurança Alimentar e Nutricional dentro da nossa Universidade”, comentou Bernardo Mançano Fernandes, professor de Geografia da Unesp/Presidente Prudente, do programa de pós-graduação do IPPRI e coordenador da cátedra da Unesco de Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial.

O GISSAN-Unesp será responsável pela definição do plano de trabalho a ser desenvolvido dentro do CCT&ISSAN, levando em conta os diversos projetos desenvolvidos por pesquisadores de diferentes áreas e a aproximação com a sociedade, para que se viabilize ações e políticas públicas fomentadas pelos projetos. “A ideia do Centro é realmente criar um lugar de convivência multicultural. Então, nós vamos priorizar a presença de pessoas de diversos lugares, deveremos olhar mais para fora do que para dentro dele mesmo”, explica Maria Rita.

“Vamos poder atuar de uma forma muito mais efetiva, no sentido de aproximar as experiências entre os pequenos agricultores, Governos e Universidades. Isso tudo servirá como um resultado que vai nos permitir analisar como podemos avançar na expansão dessas políticas públicas na América Latina”, ressaltou Bernardo.

Internacional

O professor do IPPRI ainda considera que o primeiro encontro do GISSAN-Unesp foi um evento capaz de reunir experiências que formam uma base representativa da América Latina atual, a respeito do tratamento do tema SSAN nas universidades públicas. “Temos aqui uma equipe altamente qualificada, voltada para a construção de um modelo de desenvolvimento da agricultura para produção de comida saudável, a partir da Agroecologia. Esse evento não é apenas da Unesp, pois ele reúne pessoas que participam de projetos em vários países da América Latina, o que implica numa ação internacional”, completou.

Vários projetos representados pelos docentes no encontro estão ligados ao programa Rede SSAN-Unasul, criado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia e coordenado pela Unesp, onde pesquisas brasileiras ligadas à SSAN se desenvolvem em parceria com nações sul-americanas e da África, fortalecendo o caráter internacional da problemática abordada e sua capilaridade, ao gerar políticas públicas e soluções aplicadas às mais diversas realidades.

Colaboração interdisciplinar e entre campus

Professora do departamento de Educação do Instituto de Biociências, da Unesp de Rio Claro, Silvia Marina Anaruma já desenvolveu trabalhos sobre obesidade e, atualmente, pesquisa a importância do aleitamento materno. Por em seu campus não haver cursos voltados especificamente à área da Saúde, com exceção da graduação em Educação Física, o Seminário do GISSAN-Unesp foi um espaço que permitiu à pesquisadora vislumbrar novas perspectivas. “Estou achando uma experiência maravilhosa. Estou percebendo que posso interagir com várias áreas que também abordam a Segurança Alimentar. Eu vejo que há pesquisas muito avançadas, inclusive em colaboração com outros países. Essa inserção de outros pesquisadores e poder se aproximar da comunidade é muito importante”, disse a professora Anaruma.

“Como o alimento materno é a primeira alimentação do ser humano, acredito que com certeza ele se insere nas questões de SAN. Ele é um fator de proteção contra a obesidade, que tem crescido assustadoramente em todo o mundo, durante o encontro nós iniciamos uma discussão para realizar um projeto entre os campus”, finalizou a profa. Silvia Marina, durante o último dia do Seminário, onde conheceu a iniciativa do grupo de pesquisa em Cirurgia Bariátrica e Metabolismo, do IB/Botucatu.